Uma das questões mais relevantes do mercado segurador, neste ano que se inicia, será o market share das principais companhias de seguros.
O estreitamento da concorrência entre não mais que dez grupos desencadeiará uma feroz busca por participação de mercado, que se dará de forma tradicional, por fusões, aquisições e de forma mais moderada, por busca de novos mercados e canais alternativos. Competição não é a virtude deste mercado oligopolizado.
A não tão surpreendente saída de milhares de corretores do mercado de seguros, identificada no recadastramento obrigatório, vai propiciar um melhor mapeamento e interação da índústria de seguros com a distribuição. O grande problema é a concentração das operações por escala, fomentada de forma perversa pelas seguradoras e que inviabiliza a maioria destes profissionais, representando um grande problema de longo prazo, uma vez que o desistímulo financeiro e operacional tende a cada vez mais reduzir este canal de distribuição, consequentemente a capilarização.
Na ponta do consumo, os clientes podem esperar um aumento substancial nas cotações de seus seguros, tanto pelo aumento da sinistralidade, como pela perda de eficiência do setor, aliado ao fato que a situação de crise mundial, que o país deve sentir com mais clareza já nos primeiros dias do ano, deve afetar a disposição de investimento no setor, que acompanha o desempenho econômico, portanto, esperando-se um decréscimo nas operações de modo geral e desistimulando investimentos estruturais. Demissões na indústria de seguros serão inevitáveis.
Com crescimento nos últimos anos bem acima dos outros segmentos, o mercado de seguros sentirá uma forte retração ao longo dos próximos dois anos e demandará uma regulação mais eficiente nas relações de consumo, tanto na precificação quanto no atendimento, que vem deixando a desejar, dado o alto número de ações na justiça e demandas nos órgãos de consumo.
Um ano que vai requerer reestruturação, reposicionamento e muito trabalho para os profissionais das seguradoras e corretores de seguros que no mercado permanecerem.
Luis Stefano Grigolin
Previdência Hoje
domingo, 28 de dezembro de 2008
quarta-feira, 28 de maio de 2008
Previdência Social hoje
A administração de previdência social no Brasil é caótica. Há uma miscelânia de programas sociais desconectados e sem eficácia que pulverizam as verbas públicas e constituem-se em campo fértil para fraudes de toda sorte. Um verdadeiro sorvedouro de recursos públicos, cada vez mais voraz.
Estruturalmente a mistura num mesmo caldeirão entre previdência, saúde e assistência social, da forma como se apresenta hoje, cria um mecanismo perverso de moer dinheiro do contribuinte e de proporcionar um péssimo serviço à população.
É incontestável a necessidade destas três esferas de serviços sociais para que a população alcance um grau mínimo de cidadania. Estas esferas necessariamente interagem sim, assim como outras esferas sociais tal como educação, habitação, saneamento básico, trabalho e renda mínima.
Este seria o arcabouço ideal de serviços básicos complementares oferecidos aos cidadão.Só que a administração destas modalidades tem que guardar independência funcional e estrutural, para que possam ser mensurados adequadamente provimentos, gastos, processos administrativos e satisfação com os serviços prestados.
Fora desta configuração há o jogo de empurra entre programas na hora de repartir a insatisfação e a cobrança pelo mal desempenho e até corrupção.Esta é uma equação mundial e não se restringe ao Brasil, como podemos observar nos últimos acontecimentos na França, onde a população se volta contra a reforma da previdência, certamente essencial para o controle da administração pública daquele país. Vemos também na campanha eleitoral americana a preocupação premente com os processos de saúde, previdência e especialmente com a crise do sistema financeiro habitacional. É o cerne da política pública.
Anos a fio de incompetência política, técnica e administrativa, somado ao mais alto índice de corrupção, sem paralelo quando se trata de previdência, os recursos que deveriam formar o fundo que ampararia os gastos específicos de previdência foram usados sistematicamente para cobrir rombos de orçamento e para investimentos em infra-estrutura, mas nunca foram repostos. Daí a origem do brutal déficit hoje encontrado na previdência social. Vários pacotes populistas de benefícios sociais sangram também esta rubrica.
Então a solução parece-me que, de tão óbvia, parece ridícula, mas não é.
O primeiro passo é apartar competências, reformar processos administrativos, recompor dotação orçamentária compatível, enxugar programas e redefiní-los. Definir o que é política pública e estabelecer claramente a participação da iniciativa privada. Os instrumentos de PPP's podem e devem ser usados de forma adequada para solucionar a equação. Vejo uma grande oportunidade de ganha-ganha na resolução da equação com a participação da iniciativa privada em todas as áreas essenciais de serviços públicos citadas.
A engenharia necessária para a adequação passa necessariamente por um elenco de reformas estruturais do estado, que há muito se faz necessária e que já é consenso.
Operacionalizar uma mudança estrutural dessa envergadura requer um amplo esforço nos três níveis de administração pública e um despreendimento político muito grande , pois é essencial que ela ocorra nos municípios, pois é aqui que a população sente os reflexos da má administração.
Os esforços e recursos tem que ser efetivados na ponta e não no meio do caminho, como ocorre. Isso indica perda de poder sobre recursos, cargos e influência, num primeiro plano e um reordenamento da máquina pública, só possível através de mudanças na constituição.
É preciso se fazer uma linha de corte no setor previdenciário, revertendo a disparidade entre as modalidades de previdência para o funcionalismo e para os cidadãos da iniciativa privada. É preciso se mensurar quanto de reservas são necessárias para suprir direitos adquiridos, senão, reavaliá-los.
Individualizar as contribuições é inexorável, e já deveria ter sido implantada em um dado momento para estancar a progressão geométrica dos problemas de déficit e falta de controle.Como cidadãos, somos devedores previdênciários de um valor desconhecido que está sendo empurrado para as próximas gerações.
Fatores de contribuição e regras claras, segurança sobre as reservas individuais e coletivas e aplicação de recursos são o cerne da questão. O estado tem que estar na regulação de todos estes fatores, mas a operacionalidade de toda a cadeia e até a privatização da previdência não pode ser descartada. Sabendo-se qual o montante efetivo do que devemos aos fundos previdenciários, fazendo a linha de corte e individualização dos fundos, podemos pensar numa segunda etapa na securitização deste problema, o que incluiria a possibilidade de privatização, com controle rígido pelo estado.
A interação das políticas públicas sociais poderiam ser equacionadas na família, na unidade familiar, o que geraria uma excelente forma de administração global de todas elas.
Luis Stefano Grigolin
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